Gilmar esmaga a lei para salvar a elite política no TSE

msn.com - "Os partidos que encabeçaram a coligação Com a Força do Povo [PT e PMDB] acumularam recursos de 'propina-gordura', ou 'propina-poupança', que lhes favoreceram na campanha eleitoral de 2014. Trata-se de abuso de poder político e ou econômico em sua forma continuada, cujos impactos sem dúvida são sentidos por muito tempo no sistema político-eleitoral.''

Ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer

Após quatro dias de duração, o julgamento mais assistido da História do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acabou com o placar de 4 a 3 pela absolvição da chapa presidencial. Com seu voto de Minerva, o ministro Gilmar Mendes deu o recado: a elite política tem aliados no alto escalão do Judiciário para se blindar da Operação Lava Jato.

A farta lista de delações e provas sobre os repasses milionários de propina da Odebrecht para a campanha do PT e do PMDB não foi desmentida pelos que defenderam a impunidade: ela foi simplesmente ignorada.

Com ministros se irritando pela mera exposição de fatos, o Brasil notou como havia pressa no TSE para sacrificar a verdade no altar do poder.

Existe evidência maior dessa impaciência que o conhecimento público, com semanas de antecedência, de que Gilmar aceitaria absolver Dilma Rousseff para salvar Michel Temer?

A mensagem passada pela absolvição da chapa presidencial vai contra tanto a Lava Jato quanto o impeachment: dá-se novo respiro à impunidade enquanto se afoga a aplicação da lei.

O episódio prejudica a própria agenda de reformas, já que Temer e a base aliada tendem a conceder privilégios a grupos de interesse, como sindicatos e grandes empresários, em prol de facilitar a governabilidade de uma presidência desmoralizada. A liberalização do Brasil sai prejudicada, com o cidadão comum tendo que continuar sustentando um Estado inchado.

A única estabilidade conquistada quando se poupam lideranças corruptas da punição é a tranquilidade delas para continuarem saqueando os bolsos do povo. Do mesmo jeito que o impeachment de Dilma foi uma vitória para o Brasil, a absolvição da chapa Dilma-Temer é uma derrota nacional.

Os brasileiros devem aceitar a turbulência como um preço a pagar para se fazer justiça e remover os velhos caciques do comando do País. Este norte moral é a esperança de um desfecho digno para a crise política.

A reação popular à decisão do TSE e a pressão sobre os três poderes serão fundamentais para impedir que o acordão presenciado nesta semana impulsione outros retrocessos contra o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro.

Perdemos uma batalha contra a Organização Criminosa. Segue a guerra pelo destino do Brasil.

*Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.
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