Moro diz à PF que Bolsonaro ameaçou demiti-lo em reunião gravada em vídeo com outros ministros

G1 - Caso foi citado pelo ex-ministro como nova prova das interferências do presidente na Polícia Federal; ele depôs por 8 horas em Curitiba no sábado
Moro e Bolsonaro conversam durante cerimômia em agosto de 2019, em Brasília Foto: Evaristo Sá / AFP
BRASÍLIA - Em seu depoimento prestado neste sábado, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou aos investigadores que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou demiti-lo em uma reunião do conselho de ministros do governo federal caso Moro não concordasse com uma nova substituição do superintendente da Polícia Federal no Rio. Segundo Moro, essa reunião ocorreu em 22 de abril e foi gravada em vídeo pela própria Presidência da República, o que poderia comprovar suas acusações de que Bolsonaro tentou realizar interferências indevidas na PF.

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Esse encontro do conselho de ministros ocorreu dois dias antes do pedido de demissão de Sergio Moro. O ex-ministro afirmou, no depoimento prestado à PF e a membros da Procuradoria-Geral da República (PGR), que Bolsonaro deixou claro diversas vezes seu interesse em nomear uma pessoa de sua confiança na Superintendência da PF no Rio, mas sem explicar os motivos. Segundo ele, essa cobrança foi feita diante dos demais ministros do governo nesse encontro do conselho.

Na mesma reunião, Bolsonaro teria manifestado sua insatisfação com a falta de acesso a informações de inteligência da PF. Em seu depoimento, Moro afirmou que o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) discordou do presidente e disse que esses relatórios não poderiam ser fornecidos. Após a demissão dele, o próprio Bolsonaro havia afirmado que divulgaria o vídeo de sua última reunião com Moro como forma de comprovar que ele estaria falando a verdade, mas o presidente ainda não divulgou esse vídeo.
Mais de 8 horas de depoimento

Moro foi ouvido durante oito horas neste sábado na Superintendência da PF do Paraná, por investigadores da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações feitas por ele contra Bolsonaro --a investigação apura se o presidente e também se o ex-ministro cometeram crimes no episódio.

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