Senador, morto em decorrência de Covid-19, defendeu vacinação em massa e confrontou ministro Pazuello em audiência: 'O senhor acredita que fez todos os esforços para evitar que vidas fossem perdidas?'
BRASÍLIA — "Nossas orações de conforto aos familiares dos senadores Arolde de Oliveira e José Maranhão, que nós perdemos, e às mães dos senadores Renan Calheiros e Jayme Campos, que, de certa forma, são vítimas da irresponsabilidade, do negacionismo com que foi tratada a pandemia até então".
Foi dessa forma, referindo-se à gestão do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no combate ao Covid-19, que o senador Major Olimpio (PSL-RJ), que morreu nesta quinta-feira em decorrência da doença, abriu seu último discurso presencial no Senado, no dia 11 de fevereiro. A audiência pública contava com a presença de Pazuello, que foi duramente cobrado por Olimpio. O senador pleiteou a criação de uma CPI para investigar a atuação do governo federal no combate ao Covid-19 e defendeu vacinação em massa.
— "Nós vimos que não era o melhor remédio o 'fique em casa esperando falta de ar'. O tratamento precoce salva vidas, por isso temos falado, dia após dia: não fique em casa". Essa foi uma afirmação de vossa excelência (Pazuello) na sua posse. O senhor ainda corrobora com esse seu discurso? Até porque também no próprio manual, que depois foi apagado do site do Ministério, de orientação aos profissionais de saúde, há o induzimento para que se use medicamento sem eficácia comprovada — disse Olimpio, referindo-se à cloroquina, em indagação a Pazuello.
— Eu quero lamentar a falta de transparência do governo brasileiro e do Ministério, a ponto de ser necessário se criar um consórcio de veículos de imprensa para informar a realidade dos dados no dia a dia — continuou.
— A força-tarefa do SUS fez chegar ao senhor (Pazuello) relatórios, dos quais nós temos cópias, dando conta de que vai faltar oxigênio, gente vai morrer asfixiada, vai faltar, vai faltar, vai faltar! Faltou! E matou! O senhor acredita que fez realmente todos os esforços para evitar que essas vidas fossem perdidas? — indagou.
Fonte: O Globo