Segundo a Fiocruz, o país passa pela sua maior crise sanitária e hospitalar da história.
Por Fábio Manzano e Camila Rodrigues da Silva, G1

O Brasil dá sinais de um colapso em seu sistema de saúde. Mais que isso: segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o país passa pela maior crise sanitária e hospitalar da história.
Pacientes morrem na fila à espera de um leito de UTI, hospitais alertam para a falta de insumos e até mesmo as funerárias falam em cancelar as férias de funcionários.
"O Brasil já colapsou", afirma em entrevista ao G1 Gonzalo Vecina, médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Leitos de UTI
Em São Paulo, estado que tem a maior estrutura hospitalar do país, antes do fim de março, morreram pelo menos 135 pessoas à espera de uma vaga na UTI.
Entre as vítimas, há um menino de três anos e uma jovem de 25, no interior do estado. Mas as cidades com maior registro de mortes na fila da UTI estão na Grande São Paulo.
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Profissional de saúde trata paciente com Covid em UTI do Hospital São Paulo, em São Paulo, no dia 17 de março — Foto: Amanda Perobelli/Reuters/Arquivo
No Paraná, o número foi ainda maior: foram 500 mortos aguardando a disponibilidade de leitos de UTI e enfermaria, segundo o governo do estado. Até sexta-feira (19), 1.196 paranaenses aguardavam por uma vaga.
"Nós vamos ter diferentes situações no Brasil", diz Vecina. "Alguns vão conseguir controlar, outros não. Sem isolamento, a única saída seria aumentar o número de leitos, mas é muito difícil acertar a demanda."
Professor da Universidade de Duke (EUA), o neurocientista Miguel Nicolelis disse em entrevista ao jornal "O Globo" que, antes de se esgotar, uma taxa de ocupação de 90% dos leitos de UTI já é preocupante.
"Só na logística para achar o leito e transferir, as pessoas vão morrer. O Brasil inteiro colapsou", disse Nicolelis.
O G1 consultou secretarias da Saúde, centrais de regulação, hospitais, prefeituras e até a Defensoria Pública para analisar a situação dos leitos da UTI. Em ao menos 16 estados, já houve mortes de pacientes com Covid-19 ou com suspeita da doença na fila por uma vaga.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, segundo a Central de Regulação, 156 óbitos foram registrados neste ano.
