Polícia Civil do RJ prende Dr. Jairinho e mãe de Henry pela morte do menino

Investigadores afirmam que o vereador agredia Henry havia pelo menos 1 mês, e a mãe tinha conhecimento. O Casal é suspeito de atrapalhar as investigações, ameaçar e combinar versões de testemunhas
Por Arthur Guimarães, Carlos de Lannoy, Leslie Leitão e Marco Antônio Martins, Bom Dia Rio e G1 Rio
Doutor Jairinho é preso no caso do assassinato do menino Henry — Foto: Reprodução
A Polícia Civil do RJ prendeu nesta quinta-feira (8) o vereador carioca Dr. Jairinho (Solidariedade) e Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, morto há um mês. Investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca) afirmam que o garoto foi assassinado.

Policiais descobriram que Dr. Jairinho agredia o menino com chutes e golpes na cabeça e que a mãe sabia disso pelo menos desde fevereiro.

O casal também é suspeito de atrapalhar as investigações e de ameaçar testemunhas para combinar versões.

Os mandados foram expedidos nesta quarta-feira (7) pelo 2º Tribunal do Júri da Capital. A prisão é temporária, por 30 dias.
Monique Medeiros, mãe do menino Henry, é presa por suspeita de envolvimento na morte da criança — Foto: Reprodução

Casal se mudou esta semana

Os investigadores passaram a acompanhar os passos do casal há dois dias. Na noite desta quarta-feira, descobriram que eles não dormiriam nas casas de seus familiares em Bangu, na Zona Oeste do Rio, como vinha acontecendo desde a morte do menino, quando deixaram o condomínio na Barra da Tijuca.

Jairinho saiu da casa do pai, o ex-deputado estadual Jairo dos Santos, o coronel Jairo, com um mochila e buscou a mulher na casa dos pais dela. Também com uma mochila, eles seguiram para uma outra casa na mesma região, onde passaram a noite.

Desde o dia 8 de março, os policiais ouviram pelo menos 18 testemunhas e reuniram provas técnicas que descartam a hipótese de acidente — levantada pela própria mãe da criança em seu termo de declaração na delegacia.

Além de dois laudos periciais, de necropsia e de local - realizado nas três visitas ao apartamento 203 do bloco 1 do Condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra da Tijuca - dados extraídos dos telefones celulares do casal, apreendidos no último dia 26, formaram um conjunto de elementos para embasar o pedido do delegado Henrique Damasceno, que comanda as investigações.

Os policiais descobriram ainda que, após o início das investigações, o casal apagou conversas de seus telefones celulares. Suspeitam, inclusive, que eles tenham trocado de aparelho. A perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) usou um software israelense, o Cellebrite Premium, comprado pela Polícia Civil no último dia 31 de março, para recuperar o conteúdo.

Em relação a Monique, mãe de Henry, que namorava o vereador de 2020, os policiais levantaram informações sobre o comportamento dela após a morte do filho que chamaram a atenção. Primeiro que ela chegou a trocar de roupa duas vezes até escolher o melhor modelo, toda de branco, para ir à delegacia.

Outra que, no dia seguinte ao enterro, Monique passou a tarde no salão de beleza de um shopping na Barra da Tijuca. Três profissionais cuidaram dos pés, das mãos e do cabelo da professora, que pagou R$ 240 pelo serviço.

A primeira importante prova que chegou às mãos dos investigadores foi um laudo assinado pelo médico legista Leonardo Huber Tauil, feito após duas autópsias realizadas no cadáver da criança, nos dias 8 e 9 de março.

No documento, o perito do Instituto Médico Legal (IML) descreve que a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou “grande quantidade de sangue no abdômen", “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.

A causa da morte foi por “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.

A TV Globo enviou o laudo para 12 especialistas. Todos descartaram a hipótese de acidente. “Quando a criança cai não bate com todos os lados ao mesmo tempo. Há lesões em muitas partes, em pontos diferentes da cabeça. O que posso afirmar é que esse menino não caiu da cama. São lesões praticadas por instrumento contundente, aplicado de forma violenta. Feitas por um adulto”, afirmou o médico-legista Júlio Cury, ex-diretor do IML.
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