Após morte do filho, Walkyria Santos encampa luta para criação de lei que torna crime comentários de ódio na internet

'As pessoas não podem se esconder por trás da tela de um celular, disseminarem o ódio e ficar por isso mesmo', disse a mãe de Lucas Santos, que foi encontrado morto na terça-feira (3).
Por G1 RN
Em meio a dor da perda do filho Lucas Santos, de 16 anos, a cantora Walkyria Santos e a família iniciaram uma campanha para aprovar um projeto de lei na Câmara dos Deputados que criminaliza atuação de "haters" (pessoas que destilam comentários de ódio) na internet. O projeto de lei leva o nome do adolescente.

Nas redes sociais, Walkyria disse que essa será "mais uma batalha" e que "as pessoas não podem se esconder por trás da tela de um celular, disseminarem o ódio e ficar por isso mesmo".

"Eu e toda a minha família não vamos parar. Precisamos mudar, precisamos de leis, para que mais nenhuma vida seja perdida. A morte do meu filho não pode passar em branco", falou.

O pai do jovem, o cantor conhecido como César Soanata, também publicou uma mensagem nas redes sociais e disse que "a morte do nosso filho não será em vão".

"As pessoas não podem simplesmente destilar o ódio, simplesmente destilar o preconceito. O preconceito não pode vencer. Ontem foi meu filho, eu espero que não seja nenhum dia o filho de vocês".

"A gente vai transformar um nosso luto em uma luta linda, pelo amor, carinho, o respeito. O ódio não pode e não vai prevalecer".

A PL 2699/2021 foi apresentada na quarta-feira (4) na Câmara pelo deputado federal Julian Lemos, da Paraíba, e prevê pena de um a quatro anos e multa para "aquele que usa a rede mundial de computadores, seja em redes sociais ou quaisquer meios de facilite sua propagação, para disseminar ódio ou proferir comentários discriminatórios de qualquer natureza, que cause dano a integridade psíquica da criança e do adolescente".

A lei foi apresentada pelo parlamentar após Lucas Santos, de 16 anos, ter sido encontrado morto na terça-feira. O adolescente foi vítima de comentários ofensivos após ter publicado um vídeo no TikTok.

A empresa lamentou o ocorrido, se solidarizou com a família de Lucas e disse que "comentários de ódio, que violam nossas políticas e prejudicam nossa comunidade, são removidos da nossa plataforma. Também trabalhamos com especialistas, como o CVV, para dar apoio e oferecer recursos para qualquer pessoa que possa estar passando por um momento difícil".

Projeto de lei

O projeto de lei Lucas Santos também prevê que sejam responsabilizados civil e criminalmente "aqueles que por ação ou omissão praticarem o crime de haters na rede mundial de computadores, seja em redes sociais ou quaisquer meios que facilite a sua propagação".

Além disso, a PL pretende punir civilmente "as redes sociais que permitirem o permanecimento de contas administradas por menores de idade que pratiquem o crime de haters" em suas plataformas.

"A rede social utilizada para a disseminação do crime descrito no art. 1º desta lei, deverá, imediatamente, por meio de algoritmo ou qualquer inteligência artificial disponível, excluir comentários que causem dano à imagem ou a saúde mental da criança e do adolescente".

A leita cita ainda que "o diretor operacional da rede social que, por reiteradas vezes, se omitir a excluir comentários racistas, xenófobos, misógino ou qualquer outro que cause dano a integridade psíquica da criança e do adolescente, será punido, criminalmente".
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