Oficiais são suspeitos de omissão nos ataques de 8 de janeiro; sete foram alvos de mandado de prisão nesta sexta
CNN - A cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) discutiu em mensagens sobre formas de manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no comando do país, mesmo depois da derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A conclusão é da Procuradoria-Geral da República (PGR), que sustenta que policiais militares de alta patente da corporação conversaram também sobre fake news envolvendo fraudes eleitorais, e encaminharam entre si conteúdos sobre golpe militar e intervenção militar.
A informação está na denúncia apresentada pelo órgão ao Supremo contra a cúpula da PM, por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro, que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Conforme as investigações, os coronéis Fábio Augusto Vieira e Marcelo Casimiro Vasconcelos trocaram mensagens “contendo teorias conspiratórias e golpistas”, principalmente após as eleições.
Vieira era comandante-geral da PM-DF e Vasconcelos liderava o 1º Comando de Policiamento Regional da corporação, responsável pelo policiamento da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes – palcos dos atos criminosos de 8 de janeiro.
Dois dias antes do segundo turno, em 28 de outubro, o então número 2 da PM, atual comandante Kleter Rosa, encaminhou uma mensagem a Fábio Vieira com conteúdos falsos sobre supostas fraudes eleitorais.
As mensagens encaminhadas contêm áudios atribuídos a um político, que disputou a presidência da República no pleito de 2022, “e veiculam gravações de voz editadas, não contínuas, nas quais o alegado autor teria chamado o Ministro Alexandre de Moraes de ‘advogado de facção’”, conforme a PGR.
“Nas mensagens, expressa-se que o pleito eleitoral já estaria ‘armado’ e que ‘as Forças Armadas saberiam disso’, fomentando teorias conspiratórias e antidemocráticas” sobre uma intervenção militar no país, depois do fim das eleições.
Em 1º de novembro, Casimiro envia a Fábio Vieira um quadro “explicativo” com “três alternativas à regular sucessão presidencial”. Os tópicos trazem propostas de um suposto uso das Forças Armadas para garantias dos poderes constitucionais e da lei e da ordem (tese golpista que interpreta equivocadamente o artigo 142 da Constituição), de intervenção militar e de “intervenção federal” por iniciativa militar.
“Os três conceitos foram acompanhados por explicações equivocadas e incompatíveis com a ordem constitucional”, prossegue a PGR. “Ainda em perspectiva golpista, a mensagem asseverava: ‘precisamos de uma intervenção federal, com a manutenção de Bolsonaro no poder!’”.
Na sequência das mensagens encaminhadas, Casimiro escreve: “Não se procede esse entendimento, mas é interessante a explicação”.